Agora faltando uma 1 semana para o congresso mais esperado pelos profissionais de treinamento e desenvolvimento, trouxemos para o blog a segunda entrevista exclusiva com um dos palestrantes do CBTD 2016, Marcelo de Elias.
Considerando que seu tema será “Virei T&D, e agora?”, na entrevista buscamos saber a opinião e experiência de Marcelo sobre os desafios que uma estruturação de área traz para uma empresa.
Acompanhe a entrevista a seguir:
1) Quais são os benefícios que uma área de T&D traz para uma empresa?
Nós sabemos que as empresas hoje passam por mudanças radicais, mudanças realmente muito rápidas e muito velozes. E isso requer pessoas totalmente adaptadas, funcionários preparados para esse ambiente de mudanças. Sejam mudanças tecnológicas, culturais, desejos do cliente… Por conta disso, os bons funcionários precisam estar antenados a todas as necessidades do negócio, necessidades estas que mudam o tempo todo.
A área de T&D traz um grande benefício para a empresa porque ela consegue preparar as pessoas para que estejam sempre dispostas e num sentimento de prontidão para mudanças.
Entendo que a área traz um grande benefício ao trabalhar com a motivação, a disposição, a vontade das pessoas e também com a capacitação para que estejam sempre preparadas para os diferentes desafios do dia-a-dia.
2) Qual o maior desafio enfrentado pelas empresas que querem estruturar essa área e incentivar uma cultura de conhecimento?
Eu entendo que tem alguns desafios na hora de estruturar um departamento de T&D. Um deles é trabalhar a questão do foco. Ou seja, para que de fato, ter um departamento de T&D?
Algumas empresas acabam montando setores de T&D mas não tiram todo proveito disso, porque acabam não entendo bem o papel ou quanto é a contribuição desse setor para a empresa, e acabam usando os profissionais de T&D para outras atividades de recursos humanos. Mesmo atividades importantes, mas que não são de treinamento e desenvolvimento.
Por isso tudo começa com uma definição clara do foco, ou seja, pra que ter um departamento de T&D? Entendido e compreendido a verdadeira necessidade e razão de existência deste setor, outro desafio é identificar o verdadeiro valor da área de T&D.
Esse setor tem um valor muito grande para a empresa, traz um impacto muito grande nos negócios, mas se a empresa e os gestores não reconhecem este valor, o trabalho na área ficará muito limitado. Por exemplo, se os gerentes ou supervisores não estiverem dispostos a apoiar seus funcionários no desenvolvimento, se não estiverem dispostos a trazer para o RH as suas demandas, este setor fica bastante limitado e todo o potencial que ele pode trazer de resultado, ele vai deixar de trazer.
Por fim, outro desafio é um orçamento realmente adequado para as ações de T&D. Muitas empresas acabam montando o departamento e não definindo um orçamento específico para essas ações.
Hoje, os profissionais de RH e em especial os profissionais de T&D, fazem muitas coisas internas e de baixo custo mas ainda assim alguns investimentos são necessários. Conseguir equilibrar um orçamento para atender as verdadeiras e reais demandas da área.
3) Qual perfil e competências um profissional da área de treinamento e desenvolvimento deve ter?
A principal competência é entender o negócio, a competência da estratégia. Se não, o setor de T&D vira um setor apenas organizador, ou comprador de treinamento de acordo com a necessidade da empresa. Mas ele precisa entender do negócio. Tem que ter interesse na estratégia e perceber o quanto esse setor pode contribuir para o negócio como um todo.
É importante também conhecer as metodologias de desenvolvimento, conhecer formas de desenvolver pessoas. Através de um treinamento presencial ou online, através de outras possibilidades de desenvolvimento que não são treinamento… Conhecer metodologias é uma necessidade para que o profissional de treinamento possa trazer a solução mais adequada.
Outro conhecimento importante é o aprendizado de adultos, que chamamos de andragogia. O profissional de T&D precisa entender como os adultos preferem ser capacitados.
Isso tudo requer um perfil importante para o profissional que é o perfil do desenvolvimento contínuo. Pois não faz sentido um profissional de T&D não se interessar em se desenvolver. Esse desenvolvimento contínuo tem que ser uma cultura e um desejo forte do profissional. É o que ele vai conseguir levar para o resto da empresa.
4) Qual a importância da avaliação e acompanhamento de todo o processo de treinamento e desenvolvimento para a empresa?
É essencial. Todas as ações de T&D tem que ter começo, meio e fim. E se não tiver um acompanhamento de todo o processo, pode ser que tudo se perca no meio do caminho. Uma das coisas mais importantes quando falo em ter um fim, é justamente medir os resultados. A avaliação de resultados é essencial para os profissionais, avaliar o valor de uma ação de T&D, medir o impacto, o resultado… Isso que garante a qualidade do programa, e também a qualidade do que o RH está fazendo.
Toda vez que o setor de T&D consegue mostrar um impacto do que fez, a área ganha mais confiança e espaço para trabalhar novas ações de treinamento e desenvolvimento.
5) Programas de treinamento devem estar em constante atualização, afinal o mercado e o conteúdo se defasam rapidamente. As empresas com T&D, têm essa visão ou ainda trabalham com conteúdos e métodos antigos?
As duas coisas. Depende muito da empresa. Algumas empresas realmente se destacaram muito, criando novas formas de fazer as coisas. Percebo que tem excelentes empresas que têm desenvolvido metodologias exclusivas, e que muitas vezes não se limitam a treinamento e desenvolvimento. Outras ações que gerem aprendizado e crescimento do profissional. Por outro lado muitas empresas ainda são arcaicas, pois seguem metodologias que funcionaram no passado mas que hoje não funcionam.
O maior risco que vejo não é de apenas seguir conteúdos antigos, mas seguir métodos que funcionam para uma empresa mas não funcionam para outra. Ainda é muito comum os profissionais de RH se interessarem em fazer coisas que outras empresas fazem mas que nem sempre se adequam a sua cultura e ao seu momento. Podemos dizer que o maior risco não é apenas seguir métodos antigos, mas sim seguir, seguir métodos que não funcionam para elas.
6) Na sua opinião, as empresas que já oferecem T&D estão fazendo um bom proveito do uso de tecnologias para otimizar a experiência do funcionário e da empresa?
Creio que sim. Muitas empresas estão sabendo tirar proveito disso. É um desenvolvimento contínuo. As áreas ainda estão aprendendo a fazer isso. Algumas mais adiante e outras engatinhando. Mas todas reconhecem a importância de novas metodologias e tecnologias para gerar o desenvolvimento das pessoas.
Já faz um tempo que se fala em treinamento online, o e-Learning. E isso cada vez fica mais presente. Principalmente pelo distanciamento do profissional, que trabalha distante da unidade da empresa ou trabalha fora do escritório, faz home-office e etc. Os treinamentos a distância têm sido mais comuns e isso requer mais tecnologia.
Outra coisa que se fala muito e tem sido bastante interessante é o aprendizado compartilhado. Hoje nesse mundo em rede onde toda plataforma é colaborativa, a tecnologia tem ajudado as empresas a criarem situações de aprendizado coletivo, de gestão do conhecimento, de formalização do conhecimento, de projetos compartilhados, onde as pessoas trabalham de maneira compartilhada, utilizando a tecnologia para isso.
De uma certa forma, as empresas que oferecem T&D estão percebendo essa tecnologia e usando a favor delas.
7) O que você espera que o público aprenda com sua palestra sobre a área de T&D?
A minha expectativa é que elas saiam dali conscientes do que precisam para ter sucesso na área de treinamento e desenvolvimento. Não apenas os novos profissionais, que chegaram agora, mas também aqueles que já estão a algum tempo e que precisam ou reconhecem a necessidade de fazer mudanças.
A minha expectativa é que as pessoas que estarão participando da palestra tenham condições de refletir as oportunidades de fazer diferente. Sejam pessoas que agora chegaram no setor e que precisam ter um alinhamento/direcionamento mais preciso ou mesmo aqueles que ali já trabalham e precisam de uma mudança.
8) Como foi a definição do tema “Virei T&D, e agora?”?
Venho percebendo que os profissionais de T&D nem sempre entram para trabalhar na área com uma visão muito clara das expectativas da empresa e também de qual o seu verdadeiro papel. Muitos entram para trabalhar na área sem uma visão estratégica, mas sim, com uma visão extremamente operacional. Acabam aprendendo o trabalho com outro profissional ou até mesmo através de cursos, e voltam repetindo esse modelo ao longo do tempo. Em função disso, percebemos que a área de T&D precisa de uma visão mais estratégica, uma visão de agregação de valor, de contribuição real com o negócio.
Muitos profissionais precisam ter a informação para poder refletir sobre isso.
9) Você pretende assistir outros palestrantes durante o congresso?
Pretendo sim, estou me programando para isto. Apesar da minha palestra ser no primeiro dia, estarei os 3 dias no congresso justamente para participar do evento como um todo. Assistindo as palestras magna e também as palestras de outros profissionais e colegas. Principalmente porque o CBTD vem com conhecimentos extremamente atualizados e todos nós precisamos nos atualizar. Além das palestras magna e de profissionais e colegas, alguns estudos de caso. Ver o que as empresas estão fazendo, atualizando para gente com um pouco mais de informação do mercado.
10) Por fim, para você, qual o objetivo da CBTD 2016 com o tema “Empatia: conectando pessoas, aproximando futuro!”?
Profissionais de T&D precisam se conectar com as reais necessidades das empresas, dos funcionários, das estratégias… Eles têm que entender essas demandas e principalmente os desejos das pessoas. Percebo que isso só se consegue através da empatia.
Quando a gente usa a empatia, a gente gera mais conexão com o outro, mais conexão com o funcionário, gestores, líderes, acionistas… Entendendo as reais necessidades, demandas e desejos de uma forma mais conectada a gente consegue ouvindo o outro, gerar mais condições de fazer o que é melhor para todos. Conduzindo a empresa para o futuro.
Um obrigada especial ao Marcelo, nos vemos no CBTD!