O mundo corporativo passa por profundas transformações. Assim, o conceito de trabalho está em constante mudança e cada vez mais acirrado, transformando também o papel do líder. O autogerenciamento é valorizado, e cada vez mais a autonomia e o protagonismo se fortalecem no mundo dos negócios.
Mesmo diante dessa nova realidade, o líder é essencial para o desenvolvimento de equipes.
Gestão de pessoas é um desafio para empresas pequenas e grandes. E é importante enfatizar que ela não é responsabilidade da área de Recursos Humanos unicamente. É função do gestor cuidar de sua equipe e aí vamos discorrer com maior profundidade o tema. Sim, o RH tem parte no processo. Contudo, não podemos distorcer os papéis e responsabilidades.
É fundamental entender que o maior capital de uma empresa são os colaboradores que constituem a organização. Em outras palavras, é por meio dessa força de trabalho que o negócio é impulsionado para alcançar resultados estratégicos necessários para o crescimento.
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Responsabilidades do Líder em uma organização
Gosto muito do livro “Execução”, de Ram Charan e Larry Bossidy, que nos traz uma definição do papel do líder a partir do tema Execução.
O líder que executa, em geral, nem sequer precisa dizer às pessoas o que fazer.
Ele faz perguntas de forma que elas próprias descubram o que precisam produzir. Esses questionamentos têm como objetivo diagnosticar o que está acontecendo. Assim, quando surgem os problemas, o líder não busca culpado: ele vai na base entender o que pode estar acontecendo. Dessa forma, através de perguntas, ele poderá gerar a solução correta. Você que é líder tem essa prática de fazer perguntas?
Em vez de sufocar as pessoas, esse tipo de liderança as ajuda a ampliar suas próprias habilidades.
Assim já conseguimos entender melhor o real papel do líder: ele deve estar encarregado de fazer acontecer, gerenciando os três processos-chave:
1- O processo de pessoal;
2- O processo de estratégia;
3- O processo de operação.
Qual o papel do Líder no Desenvolvimento das Pessoas?
O líder não deve transferir suas responsabilidades, que inclusive são intransferíveis. É de sua responsabilidade cuidar do ciclo completo do colaborador na empresa. Vamos ver qual é esse ciclo:
Selecionar:
Ele deve selecionar pessoas que se adequem ao perfil mapeado e que tenham aderência à Cultura da empresa. Essa fase é fundamental e o que percebemos é que muitos líderes transferem o nobre papel de selecionar para o RH. Por exemplo: vi muitos gestores elaborando mal o perfil da vaga e o tipo de profissional que eles precisam (nem sempre eles têm essa clareza também, especialmente quando se trata de uma posição mais específica). É necessário que o gestor cuide desse processo sem pressa, conhecendo as pessoas. Já acompanhei muitos casos em que o próprio líder desliga o colaborador antes dos 90 dias de experiência.
Integrar:
Esse momento demonstra cuidar da entrada do novo colaborador garantindo estrutura necessária e recebendo-o de forma adequada tanto por parte do líder quanto da equipe. Para o profissional que está chegando, tudo é muito novo e nesse momento ele perceberá o tipo de líder com quem ele irá trabalhar. Portanto, é fundamental que nessa fase o líder tenha preparado o “Onboarding” para o novo colaborador e escolha alguém mais sênior para apadrinhar o colega. Isso ajudará e muito na celeridade de integração, especialmente nos primeiros 90 dias.
Desenvolver:
Engajar e desenvolver a equipe garantindo feedbacks constantes de reconhecimento e desenvolvimento. A jornada do colaborador deve ser cuidada, a partir do descritivo do cargo e a meta da área. Lembrando que essa jornada passa por amadurecimento e pelos caminhos possíveis para esse colaborador. É muito importante que ele perceba que está sendo desafiado em suas tarefas.
Reconhecer:
Cuidado para não distorcer o termo reconhecimento. Entregas de alta performance devem ser percebidas e reconhecidas por meio de feedback, projetos e oportunidades desafiadoras, com maior complexidade. No entanto, reconhecer não é só financeiramente: os profissionais de alta performance buscam mais que o financeiro, eles querem fazer entregas e deixar um legado em suas passagens pelas empresas. Essa é uma forma de reter colaboradores potenciais, utilizando da meritocracia.
Uma maneira de se manter um processo vivo é o Ciclo de Avaliação de Performance e Competência, em que parte desse processo é o feedback estruturado. É papel do líder garantir que ele seja transparente e maduro, sempre levando em consideração o feedback de reforço e de desenvolvimento.
Desligar:
Faz parte do ciclo de vida do colaborador e deve ser conduzido de forma respeitosa, cuidando tanto do profissional desligado quanto do clima na equipe.
Analise no momento da preparação do desligamento se não é o dia do aniversário de vida ou de empresa do colaborador. Não significa que não possa ser desligado. Até pode, mas que mensagem você estaria passando para ele nesse momento? O líder é alguém que cuida do outro. Com respeito e de forma humanizada, conduz seu time para entregar os melhores resultados. Portanto, cuide também se ele tem algum tipo de estabilidade.
Lembre-se que essa fase é muito delicada, tanto para você que está conduzindo o processo, quanto para o colaborador sendo desligado.
Mostre segurança. Explique tudo, mas de forma breve. Não se comprometa com o que não pode cumprir. Nunca peça desculpas ou elogie em excesso. Frases como “Desculpe ter que fazer isto…”, “Sei que é injusto, mas…” e “Não queria tomar esta decisão…” somente alimentarão os questionamentos e a raiva do demitido.
Passamos pelo ciclo completo do profissional na empresa e cada fase compõe um desenvolvimento. Assim, o líder será capaz de formar uma equipe de alta performance.
Times de Alta Performance
Uma das principais características necessárias para a construção de um time de alta performance é saber trabalhar o engajamento dos profissionais. Para desempenhar corretamente o papel do líder, precisamos tomar cuidado para não confundir engajamento com satisfação ou motivação.
A satisfação está relacionada com o que o profissional recebe do trabalho, além da relação dele com o que é esperado da empresa. A motivação, por outro lado, é o que move uma pessoa para a realização de uma determinada atividade com o intuito de ganhar um salário. O engajamento vai além da satisfação, ele é um complemento da motivação.
O engajamento é o sentimento de pertencimento e vínculo criado pelo profissional com as atividades da empresa e com a organização em si.
Para mantermos esse profissional engajado é aconselhável que:
- O líder faça a gestão de pessoas: ele precisa conhecer a sua equipe. Dessa forma, terá capacidade de liderar de acordo com as necessidades de cada um (gestão situacional). É uma boa ferramenta que atua de acordo com o conhecimento e maturidade de cada membro da equipe.
- Liderança Inspiradora: líderes competentes, apaixonados e proativos conseguem transmitir esses sentimentos para a equipe. Demonstre interesse genuíno em investir tempo, bem como em compreender as necessidades e ambições de sua equipe.
- Objetivos bem definidos e divulgados: é importante o líder definir e dar clareza que se espera da equipe, ainda que ela não tenha um sistema gerencial das metas. Nada substitui um bom líder comunicando o que se espera da equipe e, claro, realizando o acompanhamento dos resultados.
- Reconhecimento: não deixe de fazer celebrações, porém, devem ser justas. E sempre que conseguir reconhecer equipes ou pessoas específicas, tenha muito cuidado para não usar dessa ferramenta para bajulação. A equipe sabe quem fez e quem não fez a entrega.
Conclusão
Líder, grande parte do aprendizado de sua equipe está no dia a dia, aprendendo com as pessoas, e uma pequena parte na sala de aula. Dessa forma, você estará aplicando o método 70-20-10 de aprendizado. Atenção! A rotina das atividades é fundamental no processo de aprendizado organizacional. Significa que você deve estar atento às tarefas delegadas ao time como uma maneira de incentivar a resolução de problemas, a inovação e o desenvolvimento constantes.
Se você já entendeu o papel do líder no desenvolvimento de sua equipe, e é um apaixonado por desenvolver pessoas, inspirar, motivar e engajar, com certeza vai despender mais trabalho, esforço e dedicação. No entanto, os resultados também serão diferenciados.