Todo gestor de treinamento e desenvolvimento de pessoas quer saber o que seu aluno-colaborador está estudando, se reteve conhecimento, e se está evoluindo em sua trilha de aprendizagem. E fazer a gestão da aprendizagem ficou mais fácil com a utilização da tecnologia.
Hoje a tecnologia mais utilizada para rastrear os movimentos do aluno no conteúdo é o SCORM. Resumidamente, o SCORM comunica informações do comportamento do aluno do conteúdo para a plataforma de gestão, o LMS. Tempo de dedicação, nota, onde parou e anotações são as atividades comumente rastreadas. Ou seja, ele informa o LMS dos movimentos do aluno e o gestor pode ter essas informações em um relatório.
Em uma metáfora bem simplificada, ele é o diário de classe dos professores em aulas presenciais. Em uma versão bombada.
Complicações de ações de treinamento sem rastreabilidade
Imagine que uma montadora de automóveis quer analisar as vendas de seu novo lançamento e percebe que Porto Alegre não vendeu bem. Existem vários fatores que podem ser verificados como marketing, publicidade, e também o treinamento.
Digamos que tenha sido modelado um treinamento on-line de excelente qualidade, disponibilizado em um arquivo PDF enviado por e-mail ou disponibilizado em intranet, e um vídeo bem didático em YouTube. Porém, esse conteúdo não gera relatório de aprendizagem. Não tem rastreabilidade.
O aluno pode ter visto o vídeo e não entendeu, ou baixado o pdf e não ter lido. Agora, uma iniciativa de treinamento, que utilize alguma forma de rastrear (como o SCORM), permite que o gestor saiba como o público se comportou. Talvez, na história acima, Porto Alegre não tenha dado prioridade para o treinamento.
E nas situações emergenciais?
Muitas vezes surgem demandas urgentes de treinamento: seja um novo grupo de colaboradores recém-contratados, seja um novo processo ou ação de vendas eminente. Nessas situações, contratar um fornecedor para capturar o conteúdo e transformar em um e-leaning SCORM pode demorar muito, com todo o processo de compras e contrato. E o timing do treinamento pode se perder.
Nessas situações, o melhor a ser feito é conseguir encapsular o conteúdo que você tiver como construir internamente com uma ferramenta de autoria e-learning. Existem algumas no mercado, e elas podem ajudar demais no seu dia a dia. Se precisar montar cursos rápidos, ou cursos que tem uma longevidade curta, ou até mesmo fazer a manutenção do próprio conteúdo.
E não tem segredo: as ferramentas estão ficando simples de operar, e rapidamente você consegue vincular seu vídeo com uma atividade e exportar o pacote SCORM.
Minha empresa utiliza o login na intranet para rastrear
Ótimo! Qualquer forma que lhe permita gerar rastreabilidade do progresso dos seus alunos-colaboradores já lhe ajuda a gerar informações para tomada de decisão. O SCORM não é a única solução.
Por exemplo, o Google tem uma ferramenta que é o Analytics, que permite você monitorar a movimentação macro de um site.
A Volkswagen lançou o curso de Mecânica Passo a Passo para o grande público, e rastreia somente os acessos e navegação pelo Google Analytics. Ele não sabe o que um indivíduo específico faz, mas sabe quantas pessoas de Florianópolis acessaram. Ou seja, ele consegue gerar relatórios.
E o que fazer com PDFs e Vídeos?
Sua empresa deve ter um grande acervo de documentos. Vídeos e PDFs são ótimos materiais complementares, e acrescentam muito aos colaboradores que estão realmente interessados em fazer a diferença.
Arquivos PDF são excelentes materiais para consulta rápida em smartphones. Um vendedor com dúvida consegue acessar o arquivo PDF já salvo em seu celular rapidamente. Vídeos são ótimos para apresentar visualmente um processo ou um produto. Mas, busque centralizar essas informações, como a biblioteca do seu LMS.
Conclusão
Sempre busque rastrear suas ações de aprendizagem. O investimento, seja contratando um fornecedor, seja dedicando horas da sua equipe para construir o conteúdo, pode perder muito do valor se você não conseguir gerar relatórios.
Reflita sobre a possibilidade de tirar melhor proveito da contratação de fornecedores para executar cursos mais complexos, difíceis de serem executados, e monte internamente os cursos simples e rápidos.
Olá, João. Parabéns pela clareza com que você fala de tema aparentemente tão complexo. Gostaria, no entanto, de saber de você a respeito do vídeo que faz parte do conteúdo. Para o vídeo ser compatível com o LMS no padrão SCORM, qual o formato que precisa ter? Ou não é o formato, é o peso. O que deve ter de especial? Obrigado pela atenção.
Opa Carlos, tudo certo?
Essa é uma pergunta recorrente no nosso dia a dia, ainda mais com a melhoria de banda e facilidade de produção de vídeos. Não existe um formato que você coloque o vídeo para ele ser compatível com o SCORM, porém existem duas soluções possíveis:
1) Colocar o vídeo em algum lugar que te traga uma rastreabilidade em relação ao comportamento do aluno no conteúdo. O Youtube te entrega o relatório da massa, mas não por aluno – assim como o Google Analytics; ou
2) Colocar o vídeo dentro de um conteúdo SCORM. Esse é o formato que a gente recomenda, defende e aplica nos nossos projetos. Você pode ver um exemplo neste link (https://mobiliza.com.br/cursos-de-prateleira-personalizados-applique-class/).
O bom deste formato é que você pode colocar uma introdução, e base teórica para o vídeo, atividades e estudos de caso entre vídeos, e tornar mais dinâmico o conteúdo. Isso vai depender também do perfil do público que vai ver o curso/treinamento.
Para colocar vídeo dentro de um conteúdo você pode utilizar qualquer ferramenta de autoria. Obviamente, vou ser bastante tendencioso e te sugerir conhecer o Applique (http://www.applique.com.br/) que é a nossa ferramenta, no qual aquele conteúdo ali em cima foi produzido. Mas qualquer uma que consiga exportar um conteúdo SCORM já te resolve.
Como última alternativa (e essa eu recomendo bem pouco), se você tiver alguém técnico (HTML e programação) essa pessoa consegue também envelopar o vídeo em SCORM. Porém, nessa forma você terá muito pouco do SCORM (aí é um papo mais técnico).
Espero ter te ajudado! Um abração!
Mais uma vez muito obrigada pela grande contribuição.
Com certeza ajudou bastante!!!
Um abraço,
Oi Gabriela, tudo bem?
Mega pertinente a sua pergunta – principalmente pelo timing. Esse é o tipo de assunto que eu adoro bater papo. 🙂
Esse é um post de 2014, e minha opinião mudou. Hoje, não acredito que SCORM e plataformas LMS como a gente as conhece são aderentes a nossa realidade de 2017. Muito menos de 2020. Não só eu, o Josh Bersin da Delloite acredita na mesma coisa.
http://joshbersin.com/2017/03/the-disruption-of-digital-learning-ten-things-we-have-learned/
Métricas, quiz, compartilhamentos, comentários, assim como gamificação, microlearning entre outros são apenas ferramentas. Tecnologia é apenas ferramenta. Não importa qual o LMS, ou qual tecnologia/tendência é utilizada para a ação de treinamento online, e não tiver propósito e objetivo alinhados com retornos tangíveis para o aluno, ele não vai se interessar. Qualquer pessoa (adulto) tem que ver benefício pessoal em qualquer empreitada – treinamento incluso.
O mesmo vai para feedback e acompanhamento do aluno-colaborador. Nada adianta colocar conteúdos ricos, em uma plataforma mega interativa, e não existir nenhuma ação ativa da área de T&D em acompanhar o desenvolvimento do aluno, fazer recall de aprendizagem, e metrificar performance antes e depois, e repetir esse processo por alguns meses. Quase um coaching baseado em métricas. Afinal, aprendizado é um processo contínuo, e ações isoladas no tempo são pouco eficazes.
Logo, minha opinião sobre esse debate é que nossa discussão deve ser sobre propósitos e objetivos. Tecnologia é ferramenta, e a gente se adapta muito rapidamente ao que se tem disponível. Se o colaborador ver valor, ele vai consumir um PDF seco e vai entregar valor para a empresa – e logo, pra si mesmo.
Sensacional João. Muito obrigada pela resposta!!
Gostaria de ser meu mentor? hahaha… Seria incrível!
Achei incrível sua colocação e adicionaria, se me permitisse, que além acompanhamento e avaliação de resultado, é preciso atrelar a estratégia de T&D de uma empresa a sua estratégia de cargos e salários, criando benefícios (bônus, por exemplo) e condições (para promoções, exemplo), que vinculem a trilha do conhecimento a aplicação do mesmo a partir de estímulos reais.
Vamos conversando.
Muito muito obrigada
Olá Gabriella, grato pelas suas palavras gentis!
Sobre atrelar treinamento e cargos e salários não tenho muita experiência (apenas na Mobiliza), porém me parece arriscado. Vou ousar dizer que pode se tornar uma “gamificação” da carreira, podendo estimular um comportamento de estudos para ganho próprio em dinheiro – não necessariamente incluindo retorno para empresa. Quando fiz MBA em gestão empresarial, percebi que muitos dos alunos não estavam interessados no conteúdo, e sim no certificado para ganhar uma promoção. É pura percepção pessoal, posso estar bastante enganado.
Para carreira, eu gosto de atrelar ao CHA mesmo (Conhecimentos, Habilidade e Atitudes). Na realidade de uma grande empresa ainda existe processos (na minha opinião burocráticos) para ter um crescimento de carreira um pouco mais simples. Eu gosto demais da abordagem da Tracy Lawrence da Chewse (estou implementando na Mobiliza). Ela é baseada no seu desenvolvimento junto a empresa.
http://firstround.com/review/how-chewse-operationalized-transparency-starting-with-salaries/
Tem um tabelona lá em baixo com a escala de A – G para carreira e eu achei brilhante os gatilhos e entregas necessárias. De A-C é basicamente técnico. Depois vem muito comportamental. Vou rodar por dois quarters e provavelmente fazer um post relacionado. PCCS padrão não funciona bem para uma pequena e média empresa.
Mais uma vez, espero ter ajudado. Um abraço.
Olá João, Boa tarde.
Gostaria de entender quais a métricas mais importantes para gestão do conhecimento no e-learning.
Muito se fala que a vivacidade de uma plataforma de aprendizagem (compartilhamentos, favoritos, comentários, quiz, avaliações…) são mais importantes que variáveis como tempo de execução de cada curso, stops ao longo do curso, a finalização dos mesmos, …
Qual sua opinião a respeito desse debate?
Muito obrigada e um abraço,
Olá, João.
Adorei o texto. No entanto, o SCORM, da forma que descreveu, parece bem mais simples do que minha experiência prática e teórica com ele. Na pós, tive certa dificuldade para aprender a usá-lo, principalmente por um exigir um pouco de programação. Preciso voltar a ler mais sobre o assunto para me aprofundar de verdade.
Um abraço e sucesso!
Olá Jacqueline! Obrigado pelo comentário.
Ah sim, para usar o SCORM efetivamente você precisa ou de uma equipe técnica, ou uma ferramenta que entrega o SCORM prontinho para você. Recomendo bastante conhecer o Applique:
https://mobiliza.com.br/ferramenta-de-autoria-elearning-applique/
É uma ferramenta que sem programar nada você tem SCORM, entrega HTML5 para tablets e mobile learning.
Um grande abraço e sucesso!